segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Início de temporada na Colômbia



Cheguei ontem a Bogotá e hoje, segunda, foi meu primeiro dia de trabalho. Até agora, estou amando tudo! Não se parece em absolutamente NADA com meu intercâmbio na Costa do Marfim. Primeiro, as pessoas não apontam pra mim gritando “le blanc” e não tem feiticeiras tribais me amaldiçoando. Segundo, o apartamento onde estou no momento é muito bonzinho. Tenho uma cama só pra mim, tem eletricidade constante e chuveiro. Não longe daqui, há transporte público de relativa qualidade para o meu trabalho.

Falando em trabalho, o meu primeiro dia foi ótimo, o que também ajuda a diferir meu intercâmbio de agora do passado. O meu chefe, Brian, é demais: inteligente, direto ao ponto e carismático, vê-se que os empregados depositam uma confiança nele que alguém jamais seria capaz de depositar no Happy Happy. O escritório é decente e climatizado, nada de uma salinha de porão onde eu tinha de botar armadilhas pra pegar o playrat, aquele bandido.

A empresa, VivaReal Network, tem um grande futuro pela frente; futuro esse do qual eu ansiosamente espero fazer parte. Bem diferente da AFCO Sarl, que o sr Happy Happy me pediu para recomendar a meus amigos no Brasil, mas não o fiz porque não consegui achar ninguém que eu detestasse a esse ponto. A VivaReal Network é uma empresa inteiramente online, na AFCO, eu tive de convencer o sr Happy Happy da importância da internet para meu trabalho.

Quando meu colega brasileiro estava me dando o tour do andar onde a empresa está situada, ele me mostrou os banheiros e disse que eu poderia usar o banheiro feminino se quisesse, pois “aqui não tem nenhuma fêmea mesmo”. Talvez o fato de a área de vendas ser incipiente e a parte de informática ser predominante tenha algo a ver com isso, sei lá.

Findadas minhas horas de trabalho, fui pra quitanda comprar ameixa e maçã e depois peguei o busão pra casa. Me perdi. Sabia que estava no arredores certos, mas não lembrava exatamente como chegar no apartamento. Fui pedir informação pra uma moça que passava, mas ao notar que eu fazia menção de me dirigir a ela, ela abriu o passo. Deve ter pensado que eu iria lhe fazer algum mal, pois insisti em me dirigir a ela e ela apressava-se ainda mais. Foi quando gritei um sonoro “help!” que eu era apenas um estrangeiro inofensivo em busca de informação, não um tarado maluco seguindo-a com segundas intenções. Como ela se voltasse para me dar as informações, abri meu sorriso colgate para passar ainda mais sensação de que eu era do bem. Eu mostrei o endereço aonde queria ir e ela dizia que era perto disso, perto daquilo. Após explicar-lhe que eu tinha chegado ontem e estava mais pra fora do que braço de caminhoneiro, ela me encaminhou pra um posto de polícia ali perto, onde policiais muito simpáticos me indicaram o caminho.

Chegando no condomínio, tentei abrir a porta do bloco, mas estava trancada e os meus anfitriões não tinham uma terceira chave para mim. Não tinha campainha também pra chamar o apartamento diretamente (prédio bem antigo). Fiquei olhando pra porta e ela olhando pra mim, quando vi pelo vidro uma menininha de uns 8 anos passando. Fiz gestos pra que ela abrisse a porta por dentro para eu entrar. Como ela só me olhava e não estava nem aí pra abrir a porta, tirei do bolso do casaco o docinho que ganhei do restaurante onde havia almoçado. A mercenária do açúcar, então, veio alegre abrir a porta. Após desejar silenciosamente que seu colesterol tivesse um pico e ultrapassasse os 280, agradeci.

Subi as escadas até o quinto andar (não tem elevador) somente para descobrir que ainda não havia ninguém em casa. Aí a luz apagou, pois só fica alguns minutos e depois apaga. Procurei o interruptor no escuro e não conseguia achar. Meu celular havia descarregado e não podia usá-lo como lanterna. Foi então que tive a brilhante ideia de ligar o computador e usá-lo para iluminar o caminho e achar o interruptor. Não deu muito certo. Foi aí que chutei o balde e fui incomodar o jantar dos vizinhos. Toquei uma campainha, a tia lá atendeu, expliquei minha história e pedi pra usar o telefone.

No fim das contas, tudo deu certo e está tudo indo muito bem, graças a Deus.

domingo, 22 de agosto de 2010

Fim da temporada Canadá e no vôo pra Colômbia

Não atualizo há algumas semanas e isso não se deu por nenhum outro motivo que preguiça de escrever. Esse é o mesmo motivo pelo qual as fotos da última parte de minha viagem ainda não foram colocadas em minhas contas de Facebook e Orkut, mas em breve serão colocadas.

Vou dar uma rápida passada sobre o que aconteceu comigo desde que fui para Nova Iorque no fim de semana do dia 30 de julho até hoje.

Bem, Nova Iorque foi demais. Cidade maravilhosa, cheia de gente de todos os lugares. Montréal também era assim (eu falava inglês, francês espanhol e português com gente diferente todos os dias), mas NY é como se fosse Montréal elevada à zilhonésima potência. As luzes de Times Square, famosíssima “praça” no cruzamento da rua 42 com a Broadway me encantaram. Passei o Dia de Ação de Graças de 2003 em NY, mas eu havia perdido a noção precisa de quão magníficas eram as luzes da cidade. Houve, porém, um descontente no grupo (um brasileiro) que reclamou da “poluição visual” e disse que NY nada mais era do que uma “Recife ampliada”. Bem, já fui para Recife e NY e eu não poderia discordar mais dessa observação. Mas tudo bem; não se pode agradar a todos.

Fui para Lower Manhattan, onde pude ver Ground Zero (onde eram o World Trade Center), Wall Street e a magnífica Trinity Church. Depois, subi para Chinatown para comprar as bugigangas de turista de sempre, ou seja, tudo que tenha “I S2 NY” (caneca, camiseta, ornamento etc). Além disso, visitei uma pequena parte do Central Park e desci a 5ª Avenida até o Rockefeller Center. No percurso, visitei a Igreja Presbiteriana da 5ª Avenida, a Igreja Anglicana de São Tomé e a Catedral Romana de São Patrício, além da Igreja Batista do Calvário. É impressionante como NY tem belas igrejas. Foi muito bom!

Os únicos dois pontos baixos da viagem foram o hotel (não porque fosse ruim, mas porque ficava em Wayne, Nova Jérsei) que ficava um pouco longe e os metrôs, que são muito sujos. Nesse ponto, Montréal e até mesmo São Paulo ganham de NY.

De volta a Montréal, passei minha última semana na cidade fazendo exames da escola e me preparando para ir visitar a província de Manitoba, onde fiz um semestre de ensino médio em 2004 e fiz grandes amigos.

Desci em Manitoba no aeroporto de Winnipeg. Um grande amigo estava lá me esperando e fomos em direção a Grunthal, cidade onde estudei e morei. Grunthal é uma cidadezinha menonita alemã e significa “Vale Verde” em alemão. Ainda é possível ouvir gente falando em dialetos de alemão no dia a dia.

Manitoba é bem rural, o que me encanta ainda mais. Os lindos campos de Manitoba estão sempre sendo cultivados por cevada, milho, soja e diferentes variedades de trigo. Não raro, vê-se bosques intactos no horizonte. A imensidão cultivada poderia dar a idéia de tédio para gente muito apegada ao estilo de vida urbano, mas eu gostei bastante. Curiosamente, eu me dou melhor com gente rural do que urbana.

Meu amigo e anfitrião, Amos Wiebe, está em campanha para a nomeação do Partido Conservador para candidatar-se a MLA, tipo deputado estadual. Viajamos o sudeste da vasta província fazendo campanha pra ele. Colamos cartazes e entregamos panfletos. Dei alguns toques do que ele poderia fazer para deixar seus flyers superiores ao dos outros quatro concorrentes à nomeação. Foi muito divertido e espero que ele ganhe,

Também jantei fora todo dia. Recebi convites de jantar dos irmãos da igreja que frequentei quando estive lá e matei a saudade das carnes e sopas típicas dos menonitas. Contudo, isso para o desprazer de minha mãe, pois voltei com uns quilinhos a mais; “um boi”, segundo ela. Também te amo, mãe!

Embora minha experiência no Canadá tenha sido ótima (cidades maravilhosas, lugares lindos e voltei com mais uma língua), o melhor da viagem foi descer em Guarulhos e ver a patroa. Ela saiu de Campinas cedinho para me ver. Toda vez que vejo a Lili, a dona do meu coração, ela está mais linda do que pela primeira vez que a vi em 1º de setembro de 2006 (já vai fazer quatro anos!) e anotei-lhe meu e-mail num pedaço de guardanapo lá na lanchonete do Jefinho. Ela é uma heroína tanto por me aguentar e me amar tanto.

É com um misto de pesar e alegria, então que parto para a Colômbia. Pesar por ter de deixar mais uma vez a minha amada e por um período ainda maior; se Deus quiser, nos veremos no natal. Alegria porque esse trabalho em Bogotá é uma baita duma oportunidade. A empresa é fenomenal. A FGV não liga a mínima pra preparar quadros para atuar na força de vendas e área comercial. Imaginei, então, que fosse necessariamente seguir o caminho que todo geveniano segue: ser “escragiário” em alguma consultoria ou banco. A empresa para a qual trabalharei, VivaReal Network, é uma multi de internet oriunda do Vale do Silício, jovem, dinâmica e ainda oferece oportunidade de continuar trabalhando com eles em São Paulo. Demais!

Além dos óbvios fatores positivos no campo profissional, sei que esse emprego deixa a mim e a Lili um passo mais próximo do nosso casamento. O encaminhamento profissional de cada um de nós é condição necessária e anterior à formação de nossa família; nós dois. Não poderia perder essa oportunidade.

Agradeço a Deus pelas oportunidades que tem me apresentada e pretendo aproveitar cada uma delas.

PS: Lili, já estou com saudades.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Quase no fim

So tenho mais a proxima semana de aula (a proxima) antes de ir viajar ao oeste do Canada para visitar amigos da época em que fiz um semestre de high school la, em 2004. Essa semana ja acabou pra mim, pois amanha - sexta - vou faltar para ir a Nova Iorque (aew!).

Desde que cheguei tento juntar gente pra ir a NY, pois a viagem fica bem mais barata com 4 pessoas no quarto. Mas as pessoas que eu tentava convencer pra vir comigo sempre caiam numa das três opçoes: (1) Ja tinham ido recentemente e queiram ir a outros lugares; (2) Queriam ir, mas nao tinham o visto; ou (3) tinham o visto e queriam ir, mas ja tinham torrado todo o dinheiro e nao tinham como sair de Montréal. O mês foi passando e a sensaçao de que nao daria pra ir a NY (sozinho, a viagem mais barata custaria $270 por duas noites).

Mas...

Conheci um colega brasileiro que nao estava mto a fim de ir, mas sua tia queria que ele fizesse umas compras la e disse q pagava a viagem dele. Entao ficou decidido que iamos nos dois, o que reduziria o preço em 100 dolares. Uma vez na agência, reencontrei um tiozao que tinha ido comigo a Ottawa no dia 1 de julho. Ele disse: "Estou indo pra NY, e vcs dois?". Botamos o seu Ricardo (nome dele) no quarto, baixando ainda mais o valor. A mulher da agência botou uma cara feia pra gente pq ia ter que refazer o processo pra incluir o seu Ricardo no quarto e pra reembolsar o cartao do meu colega.

Qdo ela ja estava terminando, eis que aparece um francês do nada e pede pra entrar pro nosso quarto. Ele tinha meio cara de doido e meu colega brasileiro ficou meio relutante, pois "vai que esse cara é pedofilo!" (sic). Ele se tranquilizou com a informaçao de que o seu Ricardo é ex-sargento e eu sou ex-cadete, assim nos poderiamos protegê-lo caso o francês tentasse algo de engraçadinho. Com a adiçao do francês maluco, o preço ficou em 99 dolares! Isso mesmo! 2 noites no Ramada com café por 99 dolares! Sairemos sexta de manhazinha e voltamos domingo por volta das 22h.

Uia!

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On an unrelated note, uma colega taiwanesa foi me apresentar pros seus amigos japoneses. Ai ele disse: "Ele é Natan". Ao que os japoneses responderam: "o que é um Natan?" Sou eu, peeps. Pô!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

BBQ da escola e avaliações

Ontem teve o churrasco anual de verão da escola, que foi lá no Mont Royal (é uma montanha mesmo). Quase todos os alunos estavam presentes e ouviam-se muitas línguas diferentes, o que foi bem legal.

Cada um tinha direito a um hamburguer, a um cachorro quente, um saco de batatinhas e um refrigerante. O hamburguer até estava gostoso, mas o cachorro quente deixa muito a desejar ao dogão de São Paulo. As batatinhas pareciam isopor açurado (sim, eram doces) e não fizeram tanto sucesso. Contudo, o ambiente agradável do parque favoreceu a prática de esportes.

Os espanhóis jogavam um jogo típico deles que era arremessar uma funda um para o outro, tipo uma peteca castelhana. Havia uns no frisbee e, após um bom tempo arremessando uma bola de futebol americano, apareceu alguém com uma bola redonda para jogar o futebol com pé mesmo. Juntamos as latas de lixo de forma a fazer dois gols e começamos o jogo. Havia mexicanos, brasileiros, suíços, italianos, espanhóis, coreanos, japoneses etc. Msa por que estou contando do jogo? Jogar pode até ser divertido, mas se assistir é um saco - em minha humilde opinião - quanto mais ler sobre o jogo. Conto porque eu estava tendo um dia de Felipe Mello. Não a parte em que ele deu o passe pro Robinho, mas na parte em que ele estava baixando a lenha na galera.

Não foi proposital (na maioria das vezes), mas me puseram na zaga e no nosso campo de defesa havia um baita dum brejo. Aí eu escorregava e deburrava a galera. Teve um caso específico em que eu corri atrás de um mexicano e escorreguei com tudo. O carrinho por trás resultante fez o moleque literalmente voar. Todo mundo fez "woooooaaaaaah!".

Aí acabou a pelada e foi começar o campeonatozinho mesmo. Eu novamente na zaga, deslizei pra roubar a bola de um mexicano magrelo e tampinha e ele não aguentou e caiu (embora eu tenha entrado na bola). O problema foi que, um segundo após começar a queda do mexicano, um japonês gigante destrambelhado que estava logo atrás do mexicano também sofre o impacto do choque e voou. Parecia um coqueiro voando. Aí o juiz me deu cartão amarelo e disse para eu me comportar. No outro jogo, eu levei um tabefe na cara que deixou a marca dos meu estilosíssimos óculos transition na minha cara. No último jogo, um mexicano me deu uma joelhada na bunda durante a cobrança de escanteio. Cadê o juiz nessas horas? Cadê? Galera dando o haduken no nosso time e nada! Mas o zagueirão aqui vingou o time fazendo os mexicaninhos magricelas voarem alto em entradas perfeitamente na bola! Hehe.

Aí chegou hoje. Estou todo destruído. Minhas costas doem horrores de tantas vezes que me batera e minhas pernas estão raladas de tanto deslizer na grama pradar carrinho. Mas hoje foi um dia bom! Já recebi duas avaliações pessoais de dois professores diferentes e um (o da aula de Escuta e Pronunciação) me deu tudo execelente e disse que meu "vasto conhecimento contribui muito para a qualidade das aulas". A professora de quem falei na última postagem também me avaliou e entregou o papel dizendo que "debato bem e inspiro os outros com minhas idéias". Olha aí!

Meu francês está melhorando bastante e leio política e economia todo dia no jornal. Não apenas, debato também com alguns dos professores aqui (tudo de esquerda) com os quais fiz amizade.

Graças a Deus tudo se passa bem!

domingo, 11 de julho de 2010

Ville de Québec

Hoje fui a Québec (pois ontem nao rolou). Minhas impressoes das outras cidades da provincia de Québec sao bem diferentes da impressao que eu tenho de Montréal: sao positivas. Montréal é cheia de gente antipatica e imigrantes arrogantes com bola alta porque nao moram mais nos seus paisecos de origem. Ninguem faz questao de ser agradavel, nao fazem questao de se fazerem compreender e todo mundo é de esquerda. Eu, hein.

Sou muito mais a area rural. Paravamos para ir ao banheiro em postos de gasolina e o atendimento era muito cordial. Se eles viam que nao éramos francofonos, eles falavam mais devagar e muito tentavam até falar inglês! Nao somente, as mulheres sao mais bonitas do que em Montréal também. Sei que nessa hora a dignissima e suas aliadas (minha mae, minha irma, minhas tias e minhas primas; é uma conspiracao) estao pensando: "Sei. Conte mais, bandido. So nas menininhas, né, pilantra?". Meus amores, essa foi so uma constataçao estética objetiva. As mulheres sao mais bonitas. Sao as descendentes dos quatro povos que formaram o Quéebec: Inglaterra, Irlanda, Escocia e França. Em Montréal, além do povo ser chato, eu nao acho bonito a miscigenacao de gente do Bangladesh com da Tanzania, por exemplo. But hey, that's just me.

Sim, a viagem. Primeiro fomos para as Quedas de Montmorency. Muito bonito e tudo mais. Mas eu curti mais mesmo o fato de Montmorency ter servido de mirante para as tropas inglesas de James Wolfe, que atravessaram o Rio Sao Lourenço na calada da noite de 31 de julho de 1759 e dominaram as tropas francesas do Marques de Montcalm na Ilha de Orléans, o que tirou a America do Norte como opcao para palco de operacoes francesas para a Guerra dos 7 Anos. Ou seja, os franceses foram derrotados na America do Norte e o Québec caiu em maos anglofonas, nas quais permanece até o dia de hoje. Infelizmente, tanto Wolfe como Montcalm morreram na batalha, sendo duas grandes perdas para a historia militar. De todo modo, foi super legal estar no morro em que estavam as tropas de Wolfe mais de dois séculos atras! Quase desmaiei. Pra situar os perdidos, o célebre "O Ultimo dos Moicanos", romance de James Fenimore Cooper, retrata essa guerra (nao a batalha em especifico, mas a guerra na qual ela tomou parte).

Depois do meu transe historico-militar, desci o morro pela lado oeste das cataratas e fui la me encharcar com a nevoa, igual nas Quedas do Niagara. As Quedas de Montmorency nao têm a furia das do Niagara, mas sao 20 metros mais altas e proporcionam um bom banho! Apos as quedas fomos almocar.

Findado o almoco, fomos para a Colina do Parlamento de Québec e para o Observatorio da Capital. Muito legal mesmo. Deu pra ver as muralhas de Vieux-Québec (a cidade velha) e a Citadela. Québec Ville é a unica cidade fortificada da America do Norte. Depois disso, fomos para a cidade velha - que é dentro das muralhas. Descemos na Place d'Armes (Praça das Armas). Vi a estatua de Samuel Chaplain, fundador da provincia, e o Château Frontenac, onde o governador-geral da provincia morava. Fui entao para a rua de comercia mais antiga do pais e, logo apos, fiz meu tour pelas igrejas (que é o que mais me encanta).

Comecei pela charmosissima Igreja de Nossa Senhora das Vitorias, dedicada à Santa Genoveva. Segui entao para a Catedral Anglicana, que é imponente e majestosa. Realmente muito bonita. Foi ai que comprei um pequeno crucifixo de madeira.

Parentese: na escola de linguas onde estudo frances, a professa nao gosta quando nas atividades interativas eu mesclo meu aprendizado com minha fé. Por exemplo, no dia em que aprendiamos o condicional, o exercicio era "se eu fosse um ____, eu seria ____". No primeiro espaco, havia categorias como paises, personagens famosos e livros; aos quais eu respectivamente respondi Reino Unido (que ela detesta), Martin Luther (Lutero) - mas que ela leu Martin Luther King - e Institutas da Religiao Crista, de Calvino - que ela simplesmente disse "esse eu nao vou ler". Agora, se fosse um livro do Dalai Lama ou de algum autor muçulmano, nao tenho duvida que nao somente ela leria o titulo como perguntaria a respeito, como fez com o livro dos outros. Ora mais!

Ainda outro exemplo, um dia, ela perguntou a todo mundo o que ja tinhamos feito antes de ir pra escola. Evidentemente, ninguem tinha feito nada, so acordado e ido pra escola. Mas ela tentava desmiuçar qualquer coisa para que falassemos francês. Ai chegou minha vez:

EU: Acordado, fz minhas preces, liz a Bîblia e estudei teologia com o livro de um escritor ingles chamado...
ELA: OK, proximo.

Como eu nao bagunco na aula, nao durmo, nao chego atrasado e me esforco, um senhor que faz aula conosco me elogiou pra ela, que disse que eu devia ter bons pais. Confirmei que era verdade, mas que se nao fosse Cristo, eu... "Ok, vamos pra aula!" - disse ela.

Ora, ja que nao posso falar e meu testemunho sera visto como apenas influencia dos meus pais e nada mais, vou usar minha cruz como modo para "instar a tempo e fora de tempo". É uma pequena e simples cruz, que me lembrou do hino "Old Rugged Cross", traduzido ao portugues como "Rude Cruz".

Parentese (dos grandes) fechado.

Saindo da Catedral Anglicana, fui para A Basilica de Nossa Senhora do Québec, que estava tendo um recital de orgao. Foi fenomenal. Segui entao para a Igreja Presbiteriana de Santo André, que - infelizmente - estava fechada. Segui entao em direçao à Capela do Sagrado Coraçao, que é onde fica a associaçao do missionarios que cristianizaram os indios pagaos no Québec. E logo do outro lado da rua, entrei na Igreja Metodista, que foi onde fui mais calorosamente acolhido.

De fato, uma linda cidade. Eu até achei o endereço da Igreja Batista, mas ela ficara fora das muralhas da cidade velha e nao dava pra ir a pé. Saimos de Québec e chegamos a Montréal pontualmente às 20h, coforme previsto.

Mais uma viagem proveitosa e segura, graças ao onipotente e triuno Deus.

sábado, 10 de julho de 2010

O Grande Idiota

Eu sou o grande idiota do titulo. Nesse momento, era para eu estar numa ônibus em direçao a Quebéc Ville, mas estou aqui me esculhambado num blog que ninguém lê. Por que sera?

Passei a semana agitando a viagem pra Québec na escola com uma agencia chinesa, que custaria muito menos do que viajar pela escola. Com aquela empolgaçao de quem descobriu a soluçao para o problema da galera, sai por chamando "Vamos pra Québec! É barato demais com a as agencias chinesas! Vamos!". Organizei a galera, recolhi o dinheiro e gracas a mim, 15 assentos do ônibus foram ocupados hoje.

O pessoal perguntava como eles conseguiam ser tao baratos. Para os nao tao proximos, eu era sincero ("nao sei"). Para os colegas, eu aproveitava para responder à la Scott Adams: "Esses chineses devem usar trabalho escravo, entao nao somente reduzem o custo como também nao têm de se preocupar se o trabalho feito na sexta é de mais baixa qualidade do que no resto da semana! Hihi". Infame? sim. Politicamente incorreto? Demais. Mas ninguém se importava, iriamos à Québec pela metade do preço!

Ai chegou hoje, o dia da partida. Eu e Braulio - o mexicano que mora na mesma casa que eu - saimos cedissimo e fomos ao metro. Sao 15 estacoes ate Chinatown, em francês: le quartier chinois. Na quinta estacao, conferi o comprovante de pagamento meu e de toda a galera e vi que havia esquecido. Eram 06h30 e tinhamos de partir às 07h00. Disse pra Braulio continuar sem mim e voei pra casa.

No metro voltando pra casa, a porcaria do trem do metro para por 5 minutos devido a um defeito. Quando finalmente chego na estacao, vou correndo pra estacao do onibus, mas acertei a cintura na catraca da saida do metro (estava com defeito), o que me atrasou um pouco mais. Peguei o onibus e cheguei em casa. Como eu havia coletado o dinheiro da galera e pagado pra todo mundo, eu estava com o recibo do grupo.

Sai de casa e vi que o onibus nao ia passar por mais outros 10 minutos. Ja eram 06h45. Corri como nunca em direcao ao metro. Natan Bolt. Eu cuspi os bofes, estava com um palmo de lingua de fora e eu colocaria ainda outra dessas expressoes da infancia de meus pais para enfatizar meu esforco caso eu soubesse mais alguma. Enfim, voei.

Cheguei no metro (que é a ULTIMA estacao da linha) e tive que esperar 10 minuto devido ao horario de sabado. AHHHHHHHH! Estava pensando em como ia me desculpar com a galera por ter aparecido atrasado com os recibos e tal. Apos chegar - às 7h15 - em Chinatown no local acordado, percebi que a preocupacao da desculpa que tive no metrô foi desnecessaria, pois eu havia perdido o busao.

Encontrei um cara la da agencia e perguntei se ja tinha saido o grupo pra Québec Ville. "Sim" - respondeu o agente chines - "e todos os seus amigos embarcaram e estao agora em direcao a Québec." Embora feliz que os planos da galera nao tivessem sido frustrados por minha causa, senti-me um baita dum idiota por ter feito essa epopeia toda pra nada.

Felizmente, encontrei lugar na viagem de amanha e, embora tendo que pagar uma taxa pra ir amanha, ainda compensa mais do que ter ido com a escola. So é uma pena que eu nao fui com o grupo que agitei tanto durante a semana pra ir.

Efetuei o pagamento e voltei pra casa. Fui pegar o metro pra voltar pra casa e pensar no que escreveria aqui. Acabei absorto nos meu pensamentos e perdi a estaçao da baldeaçao, pois eu sou muito idiota mesmo. Burro! Burro! Burro!

Cheguei em casa 30 minutos depois do que eu teria chegado se estivesse atento a baldeacao e, ao chegar, ainda descobri que consegui a proeza de entupir a banheira da mulher aqui da casa. Eu ja me sentiria um monstro se eu tivesse entupido a privada e todo mundo aqui pensasse "cagao!" sempre que me vissem. Mas, po, como é que alguem entope uma BANHEIRA? Eu so tomei banho normal. Passei 20 minutos com o desentupidor la sem sucesso algum e a mulher dizia para eu nao me preocupar, mas estava olhando pra mim com aquela cara de "mas que grande merda vc fez, hein, seu idiota!"

Uma vez contada essa triste historia, aqui estao minhas resolucoes para evitar futuros transtornos:

1. Preparar documentacao da viagem na noite anterior enquanto estiver bem desperto, nao depois de haver jogado Farao;

2. Conferir se a documentacao é realmente necessaria;

3. Nao sonhar acordado no metrô; e

4. Tomar banho de mangueira no jardim.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Valores: Valem a pena?

Mensagem proferida por mim no evento “Cá entre Nós”, de 19/05/2010, na FGV-SP

(São apenas 4 páginas de word! Tenham paciência para ler até o fim!)

***

Bom dia a todos. Gostaria primeiramente de agradecer ao professor Thiago Matheus pelo convite de falar aqui hoje. Segundamente, gostaria de agradecer a todos que vieram prestigiar o “Cá entre nós” com suas presenças. O meu tema é “Valores: Valem a pena?” e após minha breve exposição, espero deixar claro a todos os motivos pelos quais creio que a resposta seja sim, valem a pena.

Ora, valores são princípios que norteiam nossas ações. Se algo o impulsiona a fazer algo (ou a abster-se de fazer algo) quando haveria claros ganhos de utilidade se você ignorasse o impulso (seja para agir ou refrear sua ação), esse impulso é um valor.

Permitam-me dar-lhes dois exemplos dentro de minha própria família. Meus pais lá no Ceará possuem um pequeno negócio, um posto de gasolina. Esse posto possui uma loja de conveniência que, como todas as outras, vendia bebidas alcoólicas e cigarros. Um dia, um colega fumante de meu pai que estava há alguns dias sem fumar e tentando parar foi à lojinha para comprar cigarros. Meu pai – ele próprio um ex-fumante – insistiu para que ele perseverasse. O homem mostrou os dedos esfolados de tanto socar a parede por causa da inquietação que a falta de nicotina causava nele. Ele não conseguia dormir e esmurrava a parede. Ele acabou por comprar os cigarros, mas aquilo mexeu de forma tal com meu pai que ele encerrou a venda de cigarros na loja (para a tristeza da Souza Cruz). Não somente, parou de vender bebidas alcoólicas também. Juntos, esses dois produtos respondiam por grande parte da receita.

Segundo exemplo: em nosso estado, o Ceará, o ramo de revenda de combustíveis costuma ser caracterizado por cartéis e dribles na legislação fiscal. Isso meus pais jamais toleraram. Foram alvos de concorrência desleal, perda de competitividade ante a concorrência e motivo de chacota por parte dos conhecidos do ramo. Mesmo assim, escolheram não agir à margem da lei.

O que os motivou a tomar essas ações? Valores! No primeiro caso, coerência; no segundo, honestidade. Agora, o que tem guiado nossas ações? Temos racionalizado nossas ações e agido segundo nossos princípios, ou temos agido automaticamente feito robôs?

Aqui na FGV, é muito comum que ajamos em modo automático e sem revisão de valores. Pude observar isso em muitos dos alunos, eu incluso. Eu pergunto a vocês: a sua diretriz geral de ação nessa faculdade é valorizar o que é importante ou o que é urgente? Os dois não são necessariamente sinônimos, pelo contrário, tenho visto mais vezes o urgente ser meramente “cumprimento de tabela” em vez de agregação de conhecimento. A idéia de mero cumprimento de prazos tem substituído a busca por aprendizado real!

Esse tipo de atitude, claro, não surge do nada. A FGV tem toda uma cultura de ensino que colabora para isso. O bom senso diz que ou se cobra muito em um número reduzido de matérias, ou se cobra pouco em um grande número de matérias. Aqui, temos muitas matérias em um mesmo semestre e os professores prosseguem insensivelmente cobrando os alunos tal qual sua disciplina fosse a única da grade e usando a nota não como medida de avaliação,mas instrumento de punição! A conseqüência desse tipo funcionamento é de atitude de priorização do urgente, do “cumprimento de tabela”, não o de priorização do aprendizado!

Muito se tem falado sobre a necessidade de mudança da FGV em relação a isso. Mais se falará ainda, pois estamos em época de campanha para a eleição da futura representação discente –o Diretório Acadêmico – ante a diretoria. Ninguém duvida que algo nessa faculdade tem de mudar. A questão, meus amigos, é quando iremos NÓS mudar?

Tolstoi uma vez disse que “todos pensam em mudar a humanidade e ninguém pensa a mudar a si mesmo.” Ora, a FGV é um todo que se constitui do somatório de numerosas partes menores que somos nós. O que os faz pensar que, permanecendo as partes inalteradas, o todo mudará? Não mudará! Einstein acertadamente colocou que somente idiotas fazem o mesmo e esperam resultados diferentes.

Vocês aquiescem para o que digo, mas pode se perguntar: por que passar a agir tendo como base valores tendo em vista mudar? Por que passar por todo esse incômodo para um incerto e até improvável ganho? Da mesma forma eu pergunto: será que valeria a pena meu pai ter continuado vendendo produtos que ele mesmo não recomendaria aos outros (caso do cigarro)? Será que valeria a pena ter arriscado um ganho ilícito e maior por meio da fraude fiscal e legal?

Antes de responder, tomemos Weber e sua célebre obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Lá, Weber mostra como os países protestantes tenderam a apresentar maior desenvolvimento do que os países católicos romanos e o motivo é relativamente fácil de ser enxergado: a ética de trabalho protestante é impecável. Sim, sim, eu sei que provavelmente o professor que ensinou pra vocês sobre a ética protestante e o calvinismo falou apressadamente algo do tipo “a rapaziada tinha que ficar rica, se não achava que ia pro inferno” e comentou mais uma coisa ou outra sobre a idéia de predestinação e vocação. A questão é que a exposição de Weber sobre o calvinismo e a implicações dessa doutrina vão muito além do aspecto econômico: seus valores adentram o campo social! Foi na Genebra reformada de Calvino que surgiu a idéia de empréstimos a baixos juros para os menos afortunados. Foi aí que surgiu a idéia de saneamento das áreas mais pobres da cidade. Diferentemente do restante da Europa, o lucro passou a ter pressupostos constituídos pela base moral de valores! É por isso que quem leu o livro inteiro de Weber sabe que ele fala não somente que os países protestantes tenderam a apresentar não apenas maior desenvolvimento econômico, mas despontavam em desenvolvimento do total da sociedade! Relações transparentes e justas entre empregador e empregado, classe média mais significante e mais elevados índices de educação da população são fatores historicamente encontrado mais comumente entre os países do norte da Europa e EUA – onde a Reforma teve mais influencia – do que entre seus compares do sul, onde o catolicismo romano limitou-se a vagamente condenar o lucro e a observar o trabalho como penitência no lugar de estabelecer valores e bases morais para o ganho econômico. A discrepância é evidente até entre a típica cidade do Canadá inglês e a típica cidade do Canadá francês.

Vocês podem estar pensando: “mas Natan, isso é papo teórico defasado; ninguém mais liga a mínima para valores religiosos, que dizer então de cristianismo!”. Eu lhes devolvo a pergunta: SERÁ? Um proeminente economista chinês chamado Zhao Xiao discorda veementemente!

Zhao Xiao, Professor da Escola de Economia e Administração da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim e Pesquisador Convidado do Banco Mundial em Pequim, é também um ex-ateu convertido ao cristianismo. Ele escreveu um artigo em 2002 – que foi mencionado em matéria do Estadão (leia aqui) cuja cópia da versão traduzida (leia em inglês aqui) mais recente será entregue a cada um de vocês juntamente com uma entrevista dele (leia em inglês aqui) após essa palestra – após alguns meses nos EUA, onde ele foi para estudar o que diferenciavam essas duas potências. Xiao mostra que a grande diferença entre os EUA e a China não era política, tecnológica ou econômica, mas religiosa! Sua tese é que a China possui uma paquidérmica e cara economia planificada que condena pessoas a fome onde ela vigora (interior da China), mas que a economia chinesa continuará sendo igualmente ineficiente se mudar para uma economia de mercado tal qual existente nas atuais ZEEs (Zonas Econômicas Especiais, as grandes cidades chinesas) sem adquirir valores morais.

Segundo Xiao, o fato de os valores cristãos estarem tão enraizados no povo americano o deixa menos propenso a cometer fraudes. Os valores tão arraigados nos EUA e que fazem tanta falta na China são o que possibilitam uma sociedade de contratos, em que dois ou mais indivíduos (ou grupos de indivíduos) fazem compromissos um com o outro e prometem honrá-los. Contratos são muito comuns no mundo cristão. Que são os dez mandamentos se não um contrato de Deus com os homens? O compromisso cristão de manter um contrato, dessa forma, transcende a idéia do mero negócio, pois o homem também prestará contas de suas ações a Deus, que não se pode enganar. Assim, a existência desses valores, dessa forma, reduz e MUITO tanto o custo de manter um grande aparato judicial para punir fraudadores como a perda com as fraudes em si! Xiao lamenta que a situação da China tão diferente. Ele diz que na China as pessoas estão dispostas a fazer o que for para conseguir o que desejam. Cito um excerto traduzido de sua entrevista: “Hoje em dia, o povo Chinês não acredita em nada. Não acredita em Deus, não acredita no diabo, não acredita em Providência, não acredita em Juízo Final e não diz nada sobre o paraíso. Uma pessoa que não acredita absolutamente em nada pode apenas acreditar em si mesma. E auto-crença implica tudo ser possível: que importam mentiras trapaças, dano e enganação?”.

A conclusão de Xiao é que a China precisa não apenas parar de perseguir os cristãos como também abraçar o cristianismo para ter uma boa, saudável e virtuosa economia de mercado que gerará impactos positivos na sociedade. Essa conclusão foi publicada e apresentada no Clube da Universidade de Qinghua, que é freqüentado pela elite política, econômica e acadêmica chinesa. A recepção à sua conclusão foi surpreendentemente positiva e seu otimismo é ainda maior dado que o Partido Comunista Chinês – que é agora uma ampla frente com vários grupos de representação, nada como versa o ditame marxista de características revolucionárias à moda da extinta URSS e da Europa Oriental – tem gradualmente mudado seu modo de pensar.

Vejam que até mesmo o Partido Comunista Chinês está acordando para uma coisa óbvia: a civilização fora do alicerce moral absoluto cristão simplesmente não funciona! O prédio não se levanta sem fundação e sociedades não se erguem sem valores dessa base moral. Vou dar-lhes um exemplo que vivenciei. Voltei recentemente da Costa do Marfim, país no oeste africano, e lá o cristianismo tem pouca influência, embora mais de 30% da população se diga cristã. O relativismo oriundo de seus rituais tribais de bruxaria vigora tanto em igrejas quanto em mesquitas e faz com que a percepção de mal e bem sejam confusas e sejam encaradas como duas faces de uma mesma moeda. Sendo assim, a questão não é que é errado matar, a questão é: quem você matou? Se foi um indivíduo de etnia diferente, não há problema! Se foi um indivíduo branco, ao assassino são entoadas loas! Não há outro motivo pelo qual o país é tão miserável; faltam VALORES e todos os demais bônus agregados que vêm com eles e já foram mostrados hoje.

Então, respondendo às perguntas feitas antes de nos aventurarmos por Weber e Xiao.

Valeria a pena meu pai continuar a vender cigarros e bebidas? Poderíamos pensar que não havia motivo para abrir mão dessa receita, afinal, os adultos que compram são racionais e responsabilizam-se pelos seus atos, certo? Errado!! Não valeria a pena meu pai continuar vendendo cigarros por ser uma transação moralmente desonesta. Como alguém pode comercializar algo em que não acredita? Como poderia vender para outros algo que ele não desejaria que os próprios filhos consumissem? Vocês podem estar achando que ele é um trouxa que abriu mão de receita certa, mas bem sei que muitos outros pais estariam dispostos a pagar o valor do “prejuízo” pecuniário da cessação das vendas de cigarro e álcool para obter dos próprios filhos o respeito e admiração que minha irmã e eu lhe devotamos devido ao exemplo que ele nos deixou.

E não, também não valeria a pena ele arriscar um ganho maior e ilícito à custa da quebra da lei (cartel e sonegação), pois foi por meio dessa visão de curto prazo que muitos dos que “farreavam” com a ilegalidade acabaram por ir em cana, perder o que tinham e deixar a família em apertos. Meu pai escolheu o ganho virtuoso,modesto e duradouro no lugar do conveniente ganho vicioso em curto prazo. Foi uma questão de valores!

Creio que não restam dúvidas sobre a importância dos valores, mas uma última dúvida ainda deve pairar no recinto: Natan, como você pode ter certeza de seus valores? Você simples e arbitrariamente os escolheu e passou a venerá-los?

Bem, tenho sim certeza de meus valores e não, não fui eu que os criei. Eles me foram ensinados. Embora aquele que mos tenha ensinado, meu pai, seja um homem falho igual a todos nós, meu pai não é a fonte e origem desses valores. A fonte e origem desses valores, por sua vez, é o único homem perfeito que já andou sobre a face da Terra, que é Jesus Cristo, filho de Deus, redentor da humanidade.

Que Deus os abençoe.